A implantação do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital), do Sped Contábil e da NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) pode significar transtornos para as MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas). Segundo o presidente do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis no Estado de São Paulo), José Maria Chapina Alcazar, 80% das empresas da base de arrecadação do sistema tributário do País são MPMEs, que não estão preparadas para a revolução tecnológica do Sped e da NF-e.
“Essas empresas vivem sob uma colcha de retalho em termos de gestão. Têm sistemas internos que não conversam entre si e terceirizam seus serviços contábeis. Ou seja, não há integração de dados”, explica Alcazar.
Crédito
Ainda de acordo com Alcazar, essas deficiências de gestão só podem ser corrigidas com a ajuda do governo, por meio da concessão de linhas de crédito que facilitem o acesso à tecnologia necessária para a implantação do Sped.
“Uma vez que o governo impõe um controle rigoroso da gestão, a contrapartida deveria ser a facilitação de crédito. O cenário ideal é todos estarem no mundo eletrônico, cumprindo a legislação. Mas a realidade brasileira é outra: temos um grande índice de informalidade, com 60% dos empreendedores ainda fora da legalidade”, ressalta Alcazar.
Ainda sobre a informalidade no País, o diretor titular de Produtos, Serviços e Negócios do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Éder Trevisan, disse que o Sped pode contribuir para isso, devido à incapacidade financeira das empresas de pequeno porte de se adequar tecnologicamente ao sistema.
“No Brasil, as empresas são jogadas na informalidade porque os impostos são altos, a burocracia é grande e custa caro atender à demanda exigida pelo fisco. Quanto menor o tamanho da empresa, maior é o custo de implantação desse sistema (Sped e NF-e)”.
Prazo
Outro assunto que ganhou destaque, durante a conferência sobre o sistema eletrônico promovida pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Ciesp, foi o prolongamento do prazo, para as MPEs, do cronograma do Sped, que passa a valer em todo território nacional a partir de setembro deste ano.
“A escrituração digital começou no topo da pirâmide, dirigido às grandes empresas. Agora passa a ir à base. O problema é que as pequenas empresas não têm à disposição sistemas de informática e pessoal treinado como as grandes”. Não basta que o Estado crie novas regras, também é funcional que torne possível o seu cumprimento”, disse o diretor da Central de Serviços da Fiesp, Paulo Henrique Schouri.
Por: Luana Cristina de Lima Magalhães
28/08/09 – 16h28
InfoMoney