Durante o fórum “O impacto da crise financeira na micro, pequena e média indústria“, realizado nesta segunda-feira (13), na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, explicou como as indústrias do País foram afetadas pelo cenário econômico e o que o governo já fez para reverter a situação. Ele se mostrou otimista e confiante em relação aos efeitos das medidas tomadas.
“Antes da deterioração da crise, a oferta de crédito doméstico era de US$ 620 bilhões de dólares, dos quais US$ 147 bilhões tinham origem no financiamento externo. Depois, a taxa de rolagem caiu drasticamente. Em alguns momentos, acima de 20%. Isso impactou negativamente na economia brasileira. As empresas que tinham acesso ao crédito externo perderam essa via e passaram a tomar empréstimos no mercado interno. Assim, cresceu a demanda por crédito doméstico”, disse ele.
Nesse contexto, os bancos menores passaram a ter dificuldade de acesso ao crédito e deixaram de emprestar, prejudicando seus principais clientes, as pequenas e médias empresas. Segundo Meirelles, entre setembro de 2008 e fevereiro de 2009, o estoque de crédito cresceu 6,8%, sendo que 15,8% nos bancos públicos e 1,6% nos privados nacionais.
Verifica-se que, no período, a concentração do sistema bancário cresceu 10,8%, prejudicando os pequenos empresários. Dentre o crescimento de 1,6% do estoque de crédito nas instituições privadas, 11% se deram nos grandes bancos e 6% nos pequenos.
“O que o Banco Central fez para quebrar esse ciclo foi injetar cerca de R$ 99,8 bilhões no mercado doméstico, sendo que R$ 37 bilhões beneficiaram micro, pequenas e médias empresas“, explicou.
Fundo Garantidor de Crédito
Outra medida adotada foi a antecipação do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para depósitos a prazo de até R$ 20 milhões, de maneira que qualquer aplicação até este valor é garantida pelo FGC, e isso tem garantido que pequenos bancos voltem a captar.
“Estamos tentando irrigar a base do sistema com leilões de dólares sem direcionamento, no topo da pirâmide. Além disso, o BC já concedeu US$ 21,1 bilhões para linhas de crédito para exportação. A ideia é que a oferta de crédito seja restabelecida no País antes que isso aconteça no exterior”, explicou o presidente do BC.
Na avaliação do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, há liquidez no mercado. O que falta é crédito para as empresas de pequeno porte.
“Em tempos de fartura, já é difícil as instituições financeiras aprovarem crédito para micro, pequenas e médias empresas. Em tempos de dificuldade, a situação é pior ainda. Vamos lutar para que elas aprovem mais crédito aos empreendedores, mas é difícil, por isso estamos apostando no Fundo de Aval do Estado de São Paulo (fundo criado pelo governo estadual para auxiliar empresas que não dispõem de garantias suficientes para ter acesso às linhas de crédito bancárias disponíveis)”, disse Skaf, no evento.
Por: Karin Sato
13/04/09 – 13h01
InfoMoney