A expectativa é a de que o volume de empréstimos e financiamentos nesse segmento tenha crescimento médio de 20% em relação ao ano passado, quando aumentou apenas 1,1% sobre 2008. “Pode parecer uma boa expansão, mas é preciso lembrar que 2009 foi um ano de crise e de retenção de crédito para pessoa jurídica. Portanto, a base de comparação é baixa, mas qualquer crescimento será bem-vindo”, afirmou o economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emilio Alfieri.
Para o economista sênior da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) Jayme Soares Alves Neto, nem a expectativa de aumento da taxa básica de juros – Selic deverá mudar a trajetória de aumento na oferta de empréstimos para empresas. É unanimidade no mercado financeiro que, a partir do segundo trimestre deste ano, a taxa irá subir.
De acordo com Alves Neto, há pelo menos quatro meses a taxa de captação dos bancos sobe, o que representa mais recursos disponíveis para empréstimos. Além disso, os bancos pequenos e médios, que têm como principais clientes as pequenas empresas, voltaram a emprestar no segundo semestre do ano passado e, pouco a pouco, estão aumentando esse volume.
O economista sênior da Febraban afirmou que o mercado espera que, neste ano, a concessão fique mais uniforme entre empresas e pessoas físicas. No ano passado, enquanto a primeira modalidade ficou estagnada, a segunda teve crescimento de 17,4%.
Custo – O professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite concorda que a expansão do crédito ocorrerá, mas em ritmo moderado, abaixo do que se verificou em 2007 e 2008. “Resta saber qual será o custo desse empréstimo, uma vez que a inadimplência para pessoa jurídica está bastante alta, o que tem efeito direto no custo do crédito, especialmente para pequenas empresas.”
No ano passado, o pico da inadimplência de pessoa jurídica ocorreu em outubro, quando alcançou 4% do volume de contratos. Desde então, o total vem diminuindo, e chegou a 3,8% em dezembro. Mesmo assim, está muito acima da média do período anterior à crise, quando oscilou entre 1,7% e 1,6%. “Embora ainda alta, a queda da inadimplência nos últimos meses também ajuda no aumento dos empréstimos. Mas o que realmente determina sua expansão ou retração é a disponibilidade das instituições financeiras e o ritmo da atividade econômica”, disse Leite.
Para ele, a manutenção ou aumento da Selic também tem pouca influência no custo do crédito. Afinal, o juro cobrado do tomador na ponta não reflete a taxa básica e sim o spread, que é a diferença dos juros cobrados pelos bancos em operações de crédito e as taxas pagas por eles aos investidores.
Quanto aos empréstimos para pequenas empresas, o professor não acredita em grandes mudanças. Ele lembra que as dificuldades para a obtenção de empréstimo e a burocracia devem continuar.
Entre as opções para driblar essas dificuldades está o crédito solidário, ofertado por sindicatos e órgãos de classe.
Fonte: Diário do Comércio