Do Valor Econômico
Ao contrário da agressividade mostrada pelos bancos nos últimos meses nas linhas para pessoas físicas, as instituições ainda estão cautelosas na concessão de crédito para empresas. A justificativa é a inadimplência, que não para de subir nas carteiras de pequenas e médias.Apesar disso, os bancos derrubaram as taxas de juros desde o início do ano, seguindo a redução no custo do dinheiro e também, de acordo com as próprias instituições, já esperando por uma melhora da economia no segundo semestre. Citibank. O Banco do Brasil vem logo em seguida, com 1,62% ao mês, na frente do Safra (1,71%) e do ABC Brasil (1,85%).
A maior redução foi feita pelo Votorantim, que baixou os juros de 4,97% para 1,96% ao mês. O HSBC retirou 1,51 ponto percentual da taxa, que caiu para 2,69% ao mês, de acordo com dados divulgados pelos próprios bancos e apresentados no site do Banco Central. Na modalidade de desconto de duplicata também houve melhora nas condições oferecidas aos clientes. Em média, a taxa prefixada recuou de 3,2%, para 2,5% ao mês. A maior redução foi do Banco Safra, que saiu de 4,17% para 2,55% ao mês. O Fibra trouxe os juros de 2,71% para 1,50% ao mês. Citibank (1,4%) e ABC Brasil (1,42%) aparecem na frente. Os empréstimos prefixados são os mais usadas por empresas de pequeno porte, seja para financiar o giro, seja para descontar recebíveis. As menores companhias foram justamente as mais afetadas pela escassez de crédito. Nos nichos de médias e grandes empresas, a situação já está praticamente normalizada. Aos poucos as instituições financeiras começam a sentir a volta da demanda por novos recursos também das pequenas e esperam uma expansão da carteira da ordem de 15% em 2009. De acordo com José Paiva Ferreira, vice-presidente sênior do Grupo Santander Brasil, o segmento de pequenas empresas foi muito impactado pela crise por conta da redução do consumo e a consequente queda no faturamento das companhias. “Um ponto importante a destacar é que os bancos de maneira geral continuaram a oferecer crédito. A demanda é que diminui bastante”, disse. Ele lembra que os bancos estavam bastante atuantes nesse nicho, já que antes da crise, enquanto o crédito apresentava expansão anual de 20%, a carteira de pequenas e médias tinha uma expansão na casa dos 50% ao ano. A expectativa é mais positiva para o segundo semestre, mas o ritmo da concessão para empresas ainda é inferior as liberações para o consumo. “Hoje, o crédito para pequenas empresas está no mesmo patamar das outras linhas para empresas e um pouco inferior à pessoa física”, completa Ferreira. Em meio à crise, as modalidades que sofreram maiores cortes foram as chamadas linhas “clean”, que não contam com garantia real. À medida que as instituições financeiras retomam a confiança para conceder empréstimos, um das saídas encontradas foi ampliar a oferta de desconto de recebíveis. O HSBC é um dos bancos que esperam ganhar mercado no segmento de pequenas empresas usando essa estratégia. “O foco nos últimos meses tem sido atuar mais fortemente com recebíveis e oferecer essa opção aos clientes”, afirma Rodrigo Caramez, diretor do HSBC. Nesse tipo de operação, as empresas oferecem seus recebimentos futuros e os bancos adiantam recursos para o giro do negócio. Como há uma garantia real, os recebimentos futuros, as taxas cobradas são bastante inferiores ao crédito “clean”. Caramez conta que no desconto de pagamentos com cartão de crédito, a alavancagem antes da crise chegava a até seis vezes o faturamento da companhia. Com os problemas da economia, essa alavancagem recuou para, no máximo, 1,5 vezes. “Nós queremos voltar a atuar com alavancagens de quatro vezes para pequenas empresas e de até seis vezes para médias”, disse. |